quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Uma herança do sarneísmo: a raiva

Por Robert Lobato

Cheguei à conclusão que, além de alguns dos índices socioeconômicos mais baixos do país, o sarneísmo produziu também outro tipo de herança para alguns maranhenses: a raiva.

Falo de “raiva”, não de “indignação”, essa possui um significado mais, digamos, político, no sentido de despertar protesto contra as sucessivas políticas equivocadas empreendidas ao longo dos governos liderados pelo grupo Sarney.

Refiro-me ao sentimento de raiva que embute interesse pessoal contrariado, que faz com que a pessoa se transforme em um “radical antissarneísta”. Esse fenômeno não ocorre somente no campo da política, mas também no meio da imprensa, entre jornalistas, blogueiros etc.

O curioso é que esse tipo de “antissarneísta” é quase sempre egresso da oligarquia, ou seja, em algum momento foi aliado, sócio ou prestou serviços ao sistema que hoje condena ferozmente, daí que se fomos atrás para entender a raiva do cidadão, com certeza iremos chegar à conclusão de que não existe nada de ideológico ou político, mas tão somente interesse particular contrariado, problema pessoal.

Já escrevi, indignado, inúmeros artigos combatendo a política da oligarquia Sarney no Maranhão, mas não haverá um único sarneísta a afirmar que o meu caso é interesse pessoal contrariado, pois nunca foi beneficiado sequer com uma dose de cachaça da terra, que aprecio muito, por parte desse grupo político. Escrevi (e escrevo) por concepção política, assim como posso escrever elogiando quando for em caso de acerto.

Há muitos artigos e matérias antissarneístas, cujos autores são realmente oposicionistas convictos quanto à política exercida pelo grupo Sarney. Entretanto, existem alguns por aí que nem a primeira palavra que inicia a sua produção contra a oligarquia merece qualquer credibilidade, pois não passam de manifestações raivosas causadas por interesses pessoais mal resolvidos no passado – em alguns casos nem tão longíquo.

Enfim, essas pessoas escrevem com os olhos cheios de sangue, são produtos de uma herança que o sarneísmo deixou para elas: a raiva.

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